sábado, 14 de maio de 2011

MUNGANGOS

MUNGANGOS

É de mungango meu trejeito
na treliça  do meu verso
que peço a todo mito munganguento
a benção pro meu mungango
meus tambores
meu poço da pedra
minha alma furada em janelas
feito tábua de pirulito
meu João Grilo, João Brasileiro
da vila do coco do vento praieiro
minha canção, meu bacamarte
minha musa, minha arte
meu caminhão de lata
o ofício de vender bala
na destabanada lua
no terreiro da minha rua
meu baião, meu maracatu
no vôo encantado do urubu
perdoando a estupidez do meu país
desenhando na tez do aprendiz
toda a vida cirandeira
vida que me leve
leve
feito um deus que danço
meu corpo, tambor dos meus mungangos



Alan Mendonça


    1 de abril de 2011

JOHNSON SOAREZ

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A MORTE DA CANÇÃO




A MORTE DA CANÇÃO
Se, como dizem: tudo já foi dito e feito, o que nos resta se não ralar no infinito!”
Ray Lima

          
Chico Buarque comentou numa entrevista que o fenômeno que conhecíamos como canção pode ter se esgotado e está encerrando seu ciclo na história. Nélson Mota, em outra entrevista, falou que o compositor jovem que queira compor MPB tem que fazê-lo melhor que Chico Buarque, Caetano Veloso, Djavan, ou mudar de gênero. Estes dois comentários provocaram um destroço na minha compulsão criadora.
Ray Lima
 Prestando atenção na obra de Lenine, Rappa, Chico César, Marcelo D2, Chico Science e Nação zumbi e outros nomes, percebemos que a música brasileira continua se recriando, nem melhor nem pior, mas renovando-se sempre. Mais. Hoje temos a nossa disposição um legado enorme que herdamos, começando pela MPB, rock nacional, reggae, hip hop, funk, sertanejo, jovem guarda, tropicalismo, bossa nova, forró, baião, samba, chorinho, maracatu, boi, coco – ficando por aí pois a lista é extensa – tá tudo pra gente aproveitar, chafurdar, se lambuzar, aprender, fruir, fundir, sem medo de ser feliz, de ser melhor ou pior que fulano, sicrano ou beltrano.
Nelson Mota
Richad Wagner (1813-1883) e Arnold Shöenbergue(1874-1951) já tinham a mesma sensação de “fim da história”, chegando mesmo a adoecer, ao descobrirem a finitude das possibilidades de combinação dos sons dentro do campo do tonalismo, porém essa limitação do tonalismo não pôs fim a expressão da musicalidade humana, apenas demonstrou um limite histórico de um tipo de produção e desenvolvimento acadêmico musical.
Chico Science
O mesmo fenômeno acontece agora no Brasil e no mundo com a canção. Na verdade não há um esgotamento das possibilidades criativas desta. Ao contrario, a canção se expressa livremente, promovendo fusões, colagens, resgates das ancestralidades, numa promiscua e benéfica mistura polifônica, que nem os mercados em sua voracidade por novidades – para domar e entregar a indústria do consumo – consegue deter.
O fim da canção, como foi anunciado é, na verdade, o fim de um modelo industrial de produção, consumo e distribuição dos bens culturais, dentre eles a Música que está sendo vigorosamente impactada pela era digital, convergência de mídias e outras globalizações. Milton Santos em livro “Por Uma Outra Globalização” nos fala da inevitabilidade desta para sobrevivência humana, porém nos adverte para o tipo de globalização em curso, que é destrutiva para o planeta e suas culturas, pois transforma diversidade em “monocultura transgênica” capada. Uma civilização eugenizada pela cultura de massa esterilizada, e por isso mesmo impossibilitada da transmissão hereditária dos genes da erudição aos seus descendentes.
Chico Buarque
Então, “o fim da canção”, reflete um contexto de mudanças bastante amplo das relações entre as culturas planetárias nesse início de milênio, e apesar dos apocalípticos presságios de mau agouro, o futuro se diversificou com infindas possibilidades combinatórias em progressão geométrica, potencializadas pelas novas mídias de comunicação. Haverá sempre um ”Pinky e um Cérebro”1 tentado controlar a todos e dominar o mundo.
Se a musica acabou, se é o fim da história, façamos outra historia, outra música, da mesma música, da mesma história.
Graças a Deus, Chico, nem Nélson Mota estavam certos, nem ficam comprometidos os gênios dos dois, por qualquer opinião infeliz que tenham expressado.


Johnson Soarez e João Piarambu
                                                                                            11/05/11

1 Pinky e Cérebro e uma Hq feita para televisão que conta a história de dois ratinhos que tentam dominar o mundo.

sábado, 7 de maio de 2011

CANTORIA DA SILVA




O SHOW

O espetáculo Cantoria da Silva reúne no mesmo palco o canto e a música de Bernado Neto, João Pirambu, Johnson Soares e Ronaldo Lopes.

Cantoria da Silva tem como proposta ser um show conceitual, por isso o nome próprio, que faz referência ao pintor primitivista Chico da Silva, dono de uma estética própria, marca do movimento cultural que nasceu em torno do Pirambu, Barra do Ceará e demais bairros da Costa Oeste de Fortaleza. Conceitual na sonoridade, na densidade da produção, no que lhe confere estranheza e diferença, mesmo sendo tão igual, pois bebeu da água do Pessoal do Ceará, se orientou pelo som dos mineiros, dos baianos, desse Brasil tão rico e diverso.

Em repertório autoral os violões e as vozes dialogam através dos arranjos criados especialmente para esse espetáculo. Dois convidados: Cacá Farias e Marcos Tim, vêm confirmar e reafirmar o que chamamos de sonoridade própria. Por isso dizemos que Cantoria da Silva, alem de som, tem cor, cheiro, peso e sabor.

OS ARTISTAS


Bernardo Neto

Em atividade desde 1974, conquistou o primeiro lugar no Festival Niteroiense da Canção, em 1978, com a música Canto Cearense, que seria incluída na trilha sonora do filme Iracema, de Carlos Coimbra. Em 1984, homenageou a poetisa Cora Coralina no Programa Som Brasil, da Rede Globo. Tem 5 discos lançados e participou em 3 edições do Festival Canta Nordeste.




João Pirambu

Surgiu no Movimento de Cultura Popular do Pirambu no início da década de 80, em pouco tempo expandiu sua atuação aos palcos da cidade, realizando seu primeiro espetáculo solo, Mocororó, no Teatro José de Alencar, em 1987, com direção de Guaracy Rodrigues. É formado em música pela UECE. Recentemente compôs, com Johnson Soares e Bernardo Neto, a trilha sonora do filme Poço da Pedra, de Gerardo Damasceno.



Johnson Soares

Compositor, cantor, músico e produtor desde os anos 80, compôs em parceria com Pingo de Fortaleza, Fernando Neri e João Pirambu, a trilha sonora da peça teatral Inhamuns, Terra dos Centauros, de Guaracy Rodrigues. Em 2006 e 2007 produziu dois cd's de áudio e dois vídeos institucionais para o Ministério da Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. De 2008 a 2011 participou dos espetáculos 'Laminas' e 'Pintou Melodia na Poesia' com Ray Lima, a 'Poemia do Mundo' com Jr. Santos e 'Mungangos' com João Pirambu.


Ronaldo Lopes

Cantor, compositor e instrumentista. Ronaldo Lopes iniciou suas atividades artísticas participando do Grupo Pirão, apresentando-se no interior cearense e bairros da periferia de Fortaleza. Em seguida, passou a atuar com a Banda Oficina, grupo precursor do movimento de música instrumental em Fortaleza. Em 1990, teve seu trabalho registrado no disco Fruto Futuro, com arranjos de Ocelo Mendonça e a participação de Myrlla Muniz e Cleivan Paiva.




O REPERTÓRIO


1-SALVADOR DAQUI(Johnson Soarez / João Pirambu)
2-GIRANDO NA CABAÇA
(Ronaldo Lopes / João Pirambu)
3-LÉO
(João Pirambu)
4-O BICHINHO(Johnson Soarez / Ronaldo Lopes)
5-A ÚLTIMA NOITE DO CHICO
(Johnson Soarez / Barbosa)
6-CASA DO RIO(João Pirambu / Ronaldo Lopes)
7-VAGABUNDO VAGALUME
(Johnson Soarez / João Pirambu)
8-NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA DO CEARÁ(Ronaldo Lopes / João Pirambu)
9-VENTOS DA NOITE(Johnson Soarez / Ropes Lopes)
10-POÇO DA PEDRA(João Pirambu / Johnson Soares / Bernardo Neto)
11-CANTO CEARENSE
(Bernardo Neto / Cacá Farias)
12-MODINHA VILABOENSE
(Adaptação por Bernardo Neto)
13-CHOCALHOS DE MARACATU(Bernardo Neto)